domingo, 22 de novembro de 2009

Lisbon Revisited

Para matar a saudade desse abandonado blog, nada melhor um bom poema.

Álvaro de Campos, é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. E em 1923, escreveu um poema sensacional: Lisbon Revisited.

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Queda do Muro de Berlim: 20anos

Ontem foi a comemoração dos 20 anos do início da queda do Muro de Berlim.

Além da unificação das Alemanhas Ocidental e Oriental, foi o marco da decadência do Socialismo no mundo, visto que, com a unificação, a União Soviética deixou de existor, tornando-se vários outros países.

A comemoração de duas décadas da queda do Muro foi representada por um jogo de dominó gigante, onde as peças eram derrubados em sequência.